A Educação para a Paz nas Políticas Educativas dos Governos
Artigo de: Bruno Almeida
A educação para a paz pode ser vista como um caminho de desenvolvimento e construção de valores junto dos mais jovens, tanto em sociedades em conflito como em contextos fora de conflito. Esta ferramenta compreende um processo educativo de mudança através de valores de entendimento e respeito pelo outro, com vista a reduzir os conflitos nas várias dimensões da vida de um indivíduo. Em tempos de polarização de ideias e violências por todo o mundo, esta ferramenta apresenta-se como um pilar fundamental para construir sociedades mais justas e democráticas. Considerando que os governos devem estar conscientes da importância da formação dos seus cidadãos, a educação para a paz surge como uma ferramenta crucial para mediar problemas relacionados com a aceitação da diversidade cultural e o respeito pelos pares em ambientes escolares e espaços de cidadania.
A necessidade de aplicar os valores de tolerância e mediação de conflitos da educação para a paz nos currículos escolares impõe aos governos a modernização das políticas educativas, promovendo práticas pedagógicas mais humanitárias e sociais que permitam aos jovens lidar com os desafios de sociedades cada vez mais globalizadas. No entanto, a falta de recursos e, muitas vezes, o investimento reduzido em currículos que promovem o desenvolvimento de competências sociais e culturais nas escolas, leva a que os governos se concentrem em métricas e matérias que, por vezes, não são relevantes para a convivência em sociedade nem para a vida dos cidadãos.
Casos como o da Finlândia demonstram o peso da educação para a paz nas políticas públicas, mostrando como ela pode promover sociedades mais pacíficas e com cidadãos civicamente mais organizados e ativos face aos problemas que os rodeiam. Assim, este país, desde a formação de profissionais até metodologias práticas de ensino, promove a mediação e cooperação de sociedades para a construção de uma cultura para a paz. Este modelo também foca no desenvolvimento de competências de gestão emocional, alinhado com uma lógica de cidadania global, como defendido pela UNESCO nos novos modelos de educação global. A intervenção direta junto dos professores, currículos e alunos deve ser adaptada às reais necessidades de um mundo em constante transformação, promovendo um pensamento crítico que ajude a construir sociedades mais interventivas e responsáveis.
A promoção de uma cidadania para a paz em ambientes escolares reflete-se diretamente na sociedade, com um foco determinante na formação de cidadãos mais conscientes da sua vida em comunidade, mas também mais preparados para viver e lidar com as grandes mutações sociais, políticas e culturais que desafiam a gestão dos governos. Assim, o poder transformativo desta ferramenta nas políticas pedagógicas pode transcender a forma como formamos cidadãos, mas também a maneira como os governos reagem aos problemas de violência e polarização que ameaçam as estruturas democráticas de cada país.
Em síntese, governos e políticas públicas mais conscientes dos valores da paz e da cidadania podem prevenir ameaças complexas que dividem as sociedades e que desconstroem a realidade e a liberdade dos cidadãos. Para combater estes perigos, a educação com valores de uma cultura para a paz deve refletir-se nos processos de desenho de políticas educativas e na sua operacionalização, visando a criação de governos mais ativos e atentos à mudança.